das inquietações #3
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- lugar ao acaso de palavras que não aconteceram e de 'átomos ardentes de imperecível pensamento'-
(III)longo, labiríntico o caminho nos pés e no estremecimento deu-se A. para a floresta profunda. a floresta profunda nos seus braços era o não-caminho, que era a resolução e a sorte, que era o encontro que findava no lugar de si, ainda não a morte. a floresta profunda era o princípio, o seu princípio de tudo, onde estava o céu entrando pela terra dentro como se a terra fosse vazia e o lugar da sombra de A. a intersecção primeira de si com o regresso.
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era uma vez. era uma vez um quarto. um quarto de rostos esquecidos feito, com janelas para lado nenhum. um quarto onde o vento entrava pelas janelas e o sopro nas páginas abertas dava em qualquer palavra que enfim era o parágrafo do dia que habitava o quarto. o parágrafo era o das horas que não tinham minutos, do sol que não cabia na janela e por isso não temia a sombra azul que é como quem diz ser como esquecido, porque as palavras davam na mesma para frase sem o sol, a frase que, nada dizendo porque assim reduzida a si, às palavras todas juntas, na folha quase papel porque apenas papel e o vazio, era feita de palavras que não tinham mais lado nenhum a não ser aquela frase, aquele parágrafo, aquela folha, aquele livro, aquele quarto com vista para lado nenhum a não ser para dentro de si mesmo e por isso, para todo o lado sem nenhum lado. no parágrafo do quarto portanto, as palavras eram a janela que dava para o livro, no quarto à beira do fundo da casa, no fundo da noite, nas palavras sem frase nenhuma, só as palavras. porque só as palavras num quarto plantado no meio do verão, num lugar onde durante o dia só chegava a lua e durante a noite só chegavam as palavras que eram o sol em forma de livro aberto. porque só as palavras no quarto por fim sem parágrafos que era uma imagem de traços em arco-íris sem palavras, no fim do livro, na última página, que trazia na mão a criança que morreu depois, muitos parágrafos depois sem palavras dentro, com o livro dentro dos dedos, os dedos dentro do peito e o sol e a lua dentro dos cabelos da criança morta deitada sobre o chão do quarto dentro da casa no fundo do livro sem palavras nem mais parágrafos a seguir.
Texto originalmente publicado aqui.
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seja o terror da janela dando para todo o lado. seja o que em ti escondes. seja a direcção do vento a pulsar no teu destino. seja o que não és nas outras palavras porque te desconheces. seja a comoção suspendendo-te por dentro. seja a palavra para sempre esvaída.
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mais perto de teus pés me quiseste, encontrando-me aqui nesse outro momento de perfeitas esferas, a comunhão. o teu diálogo aberto para nada que em palavras se disse, disse-me jurando que eram não as palavras mas o céu dessa outra vez no negrume do esquecimento. água, e o sorriso na noite posta quando acreditaste que as aves te sobrevoavam a casa fechada lá fora e te disseste “outra vez as palavras e as aves”. então adormeceste, nos treze segundos perfeitos antes do dia nascer.
* - texto dialogado a partir de 13 (in Entre Ausência e Esquecimento, 1991), de João de Mancelos
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o dia em nenhum lugar parte. fantasmas de noite e de luz, e gente abraçando a clareira em chama que ombreia com as estrelas que nunca partem também. o teu pensamento das árvores partidas ao meio dentro do chão, de manhã, separadas do seu destino como a perderem-se por dentro nas folhas, desassossegando os olhos. tudo o que são, isto, tempo dentro de nada. a noite em nenhum dia chega.
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