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quarta-feira, novembro 28, 2007

palavras outras

Hei-de ver o silêncio estilhaçar-se no mundo todo.

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quinta-feira, novembro 22, 2007

pactos depois do mundo

Dois minutos e dez segundos podem muito bem ser o tempo exacto de uma vida. “Mysteries of Love”, de Ângelo Badalamenti, em Blue Velvet ou noutro lado qualquer, é a prova disso mesmo.


Imagem: Juan Jose Cambre

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quarta-feira, novembro 21, 2007

Este blogue apoia (I)

sábado, novembro 10, 2007

o dia (imitação)

Por causa da noite, e de muitas outras coisas que então não lhe ocorriam, não atravessou a estrada. Ficou a vê-la atravessada no espaço a caber cheio de possibilidades, como se tudo se resumisse a um minuto de imaginação e dele não dependessem todos os outros que se seguiam. Aquela cidade abendiçoada era a história última de um dia inteiro sem ter que ser o primeiro em nada. O ser o último chegava-lhe muito bem. Ainda que isso significasse ficar no mesmo lugar, horas e horas sem, sem fim. Porque o fim, esse, era ali mesmo, debaixo dos seus pés.

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terça-feira, novembro 06, 2007

a j.

Morreste e não existes mais. Pudera o teu lugar nunca ter sido esse mas outro do outro lado do mundo, muito mais distante, inexistente quase de tão infinitamente longe. A morte seria outra, mais indiferente ainda. Porque o teu lugar é o de uma folha de papel que nunca foi escrita, que nunca existiu realmente, que acontece por aí ao acaso, sem nada para contar e muito menos para viver. Tentando desdizer o que não sabes sequer dizer, adormeces junto à estrada, pensando-te a percorrê-la. Mas são todos os outros que passam por ti, não reparando sequer que existes e que te esqueceste que isso que julgas ser, é apenas um esboço rascunhado à pressa, apressado em mostrar aquilo que nunca foste. Lá chegarás, muito tarde, ainda mais tarde que o tempo. Porque entretanto morreste e não existes mais. Finalmente.

domingo, novembro 04, 2007

"Que beleza salvará o mundo?"*

A abolição oficial da escravatura teve início em 1807, na Grã-Bretanha. Duzentos anos depois, 27 milhões de pessoas continuam a ser escravizadas um pouco por todo o mundo. Afeganistão, Arábia Saudita, Irão, Paquistão, Mauritânia, Brasil, Espanha, Indonésia, Japão, ìndia, Nepal ou Paquistão são apenas alguns dos destinos destes milhões de escravos, dos quais 80% são do sexo feminino e 50%, crianças.

Ler aqui a excelente reportagem de Luis Miguel Ariza sobre o assunto publicada pelo El País.

*- in O Idiota, de Fiódor Dostoiévski.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Regressões, blasfémias, delírios e tentações agora também em Micróbio.

quinta-feira, novembro 01, 2007

areia, pedra, palavra, areia, pedra, palavra, areia, pedra, palavra

"My dreams are filled with sand and rocks. The sand is everywhere. It is inescapable. You find it between your toes in the evening and dust storms carry it to your breakfast table. In this environment of arid heat, human beings, animals and other living things have somehow found a way to survive. I am just beginning to fathom the conditions of the Darfurians who have been displaced, and the struggles they face on so many fronts." (15/06/07)*

* - do diário de Felissa Tibbitts (Directora Executiva do HREA), em Darfur.

ensaio sobre a leveza (texto sem significado dentro)


Exercício de imaginação e terapia contra as coisas pesadas:

era uma vez a folha de papel vazia, a música que não se sentia, a sombra que não se via, a palavra que não falava, o olhar que não perguntava, a luz que não escondia, o pensar que não revelava, o vento que não agitava, o frio que não gelava, a lua que não minguava, a amizade que não obrigava, a certeza que não duvidava, o fogo que não queimava, a sorte que não traía, o gesto que não tocava, o pedido que não suplicava, o grito que não gritava, a dúvida que não permanecia, a manhã que não repetia, o caminho que não se desviava, o livro que não acabava, a cor que não mudava, o silêncio que não asfixiava, o conselho que não se ouvia, a meta que não se alcançava, o ciclo que não se completava, a liberdade que não proibia, o sorriso que não imitava, a ignorância que não matava, o fim que não começava, o tempo que não devorava, a verdade que não mudava, o sonho que não se concretizava, o homem que não amava, a noite que não partia e a história que não terminava.

Texto originalmente publicado aqui.

Imagem: Casey Williams

até ao centro da terra

"Neural Connection" de Steve Roach são os pés na terra, as mãos e o vento, o túnel sem fundo, as paredes e a água, a lua incendiada por dentro, a multiplicação das sombras primeiras que vimos quando morremos, o caminho sem volta.