Então a vontade. E a matéria a abarrotar de pensamentos abrigados no medo de ser diferente.
No céu, apenas a glória jugulada, numa miríade de constelações possíveis e no deserto penoso de um mantimento sem água nem alimento.
À porta, o corpo sem sangue nem oxigénio, à espera da sentinela parceira e do guardador de esperanças.
Na janela, o esboço de um olhar acrescentado pelo reflexo e pela contemplação do efémero.
Por dentro, o interior a disputar intensamente o exterior, e a multiplicação do desgosto, dividido às partes por cada uma das condenações.
Em todo o lado, a convicção da possibilidade penitente, do enlace da noite com o dia, do decoroso com a miragem disso mesmo.
Apenas a transgressão.
No fim, e por isso, o reivindicar, a condensação sujeita, a necessidade, a palidez e o espectro do movimento, a certeza do aditamento, o desarranjo da mudança, a vontade sempre incerta, polémica e fatigante.
Nunca mais tarde, nunca depois. No momento certo.
Texto originalmente publicado em
Minguante nº4