diálogo do que as palavras disseram entre elas
diálogo que ensurdece das palavras que estão a conversar umas com as outras:
se uma circunstância é a nossa, é nossa a circunstância o que nos tem. podemos ter entre a circunstâncias as diversas que nos ligam umas às outras e no que somos o significado para as outras, mas somos o que está verdadeiramente na circunstância. a mais do que isso, somos também. e no que nos têm as pessoas, que julgam que podem de nós mais do que nós delas, não temos outra coisa se não nos termos a nós, só. e entre as pessoas quando elas não falam e julgam que estão em silêncio umas entre as outras e é onde nós estamos a fazer com que as pessoas estejam umas para as outras. e nós umas com as outras a construir significação e muros de entre todas nós selvagens quando nos atravessamos no lugar umas das outras a querer dizer umas mais que as outras quando temos um lugar para cada. sim, que o mundo é grande o suficiente para nele cabermos todas quantas somos. somos muitas e hão-de nascer as muitas mais sem que morramos antes entretanto umas e as outras porque precisamos umas mais das outras e sempre mais e mais que estejamos para que o silêncio possa por fim fazer sentido no que então de depois de tudo termos dito, não dizemos.
que não. não cabiam todas, disseram umas. meteram as palavras o tempo ao barulho e as palavras pediram ao tempo para que este parasse e lhes desse tempo, para por fim se escutarem umas às outras que falavam todas ao mesmo tempo e não se entendiam. o tempo respondeu que não, não podia parar, que não tinha tempo para isso, que um dia iria ter mas que entretanto tinham as palavras que esperar no lugar delas para que então chegasse o dia em que isso pudesse acontecer. então palavras houve que aceitaram o que disse o tempo e que ficaram à espera e que para sempre aí ficaram no que tiveram tempo à espera dele. mais tiveram tempo as outras para estar à espera do tempo e que houve as outras porém também mas que disseram que não tinham tempo para esperar pelo tempo. essas que são as que porventura não esperaram para ser escritas e que delas nunca mais saberemos.
e que para então serem palavras, tinham que ir. e que fossem, que ficamos nós sempre a substituir no lugar de vocês porque tem alguém que ficar para que possam as pessoas continuar a falar mesmo que não digam nada entre elas e estão assim entretidas à espera elas também de vocês que nunca hão-de vir mas faz de conta, impossível viverem as pessoas sem essa esperança, porque quem não espera pelo tempo, não espera nada que é o mesmo que não ter nascido nem nunca ir morrer, disseram umas às outras as que ficaram para as que não ficaram.
foi a última coisa que se disse entre elas. na minha frente que disseram isto onde eu não estou porque não estou à espera dessas outras que se foram embora e que nunca hão-de voltar.
Etiquetas: ficções depois da génese
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