lados (os dois.os outros também)
se podes escolher, não intercedas
é sobre a falésia que nos debruçamos. onde vamos cair. e antes e sem olharmos para trás. depois também, estamos a cair quando já tivermos saltado. caímos. e outra vez quando estivermos a cair, vamos sentir os pés a pender para cima e a querer voltar para trás, a regressar ao lugar de onde vimos e onde não queremos estar mais. mas antes não nos arrependemos ainda. só depois de nos debruçarmos sobre a falésia e dela cairmos depois. por enquanto agora, só ainda, temos muitos dias e não cabemos neles todos, temos que escolher. os que quisermos, então queremos e não queremos os outros para nada. deixá-los aos que sobram. estes são os nossos. na falésia, de outros dias, as que não estão aqui, a que vemos. estes são os nossos dias. são belas as crateras. e belos os silêncios dentro delas, onde não está mais nada, apenas a fundura do que deixaram em seu lugar, para onde vamos saltar. vê e olha: que beleza escolhes? a tua ou a da Terra? quando escolheres eu escolhi também. não que escolhas por mim, mas és assim o que eu escolhi primeiro. tu só escolhes depois quando eu não puder escolher mais. a dor dói mais quando não escolhemos que dor queremos que nos doa. e para que seja a dor, esta é a falésia cheia de beleza onde nos debruçamos para dentro da cratera. vamos cair não estou mais a estar aqui onde não tenho mais para onde ir. tenho uma falésia que é imensa onde estás já tu e onde está o fim a que chegámos. e nada está mais para além do mundo, de ti, para além da fundura da cratera onde estamos quase os dois, onde vamos deixar de estar depois. e só isto de termos a beleza, de a termos escolhido. e de termos tanto a beleza de a olharmos, de a termos, saltamos. saltaste. não saltei ainda. deixaste-me e finalmente tu saltaste e eu fiquei. estás nas crateras. não saltei. e com as falésias é que estou agora. na fundura e na beleza delas ao mesmo tempo na das crateras de tu teres saltado onde tu estás e o pensamento nelas quando elas estão onde eu não existo ainda. estão onde eu estou no lugar em cima, as falésias, do mar que é improvável. como são improváveis os lados que elas dividem.
Etiquetas: ficções depois da génese
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