m. (do útero às estrelas)
quando o texto é doloroso e dói como doem as estrelas por existirem durante tanto tempo que é o tempo todo e não sabermos nunca o que isso é
este é o momento: o vento passou como se fosse uma vez só a passar. passou entre as árvores e o que está para além das árvores quando estas não são tudo o que é o silêncio, como ele, em silêncio, sempre em silêncio no que está também entre as árvores. o silêncio, entre o que ouço, o que é a música entre o que tem de si própria, é o silêncio sempre, entre o princípio e o fim. o princípio é. como estou a sentir o regresso, este é o princípio, que terá antes o que houver mas nele é o que tenho somente, o princípio em que estou de onde vim e onde sou agora. estou a germinar. estou entre o mundo e o que dele é em mim nele. estou por vezes nesse lugar quando não estou em nenhum lugar que é dele, que eu penso que não é dele, quando o vi antes de ser o que talvez seja, que era onde eu era mais do que o que não tenho hoje como condição pelo que estou, onde estou, e onde mais estava o que não é dele, do princípio, e que ainda assim é a matéria do que ele não é em mim. e continua a estar, paradoxalmente que eu regresso numa condição onde me estou quando não quero estar onde é durante antes do fim, porque não consigo estar a não ser ali, onde eu não estou o que é de mim mas onde sou o que fui antes de ser. compreenda-se no que tem isto de possível entender, o que não se entende das palavras, o que fica delas enquanto elas estão em silêncio, porque estas palavras são as palavras do antes de ser o mundo. estas palavras dizem o que não conseguem dizer, estão no que estão onde elas costumam estar que assim é um pouco o que delas temos. e aí são só o que delas resta, o que delas é possível restar no que não têm nada dentro. são onde eu posso estar, único lugar onde sou, o último lugar das palavras no que elas são de fundamental e onde não se entendem porque são só isso, palavras, diz-nos o referente que delas é não é nada que seja daqui. tenho esta matéria do que não sou, sou esta matéria em artéria quando não sou. e falo dela agora porque falo da origem e a origem está onde não sou, sou onde estou agora. a origem é junto das estrelas, primordialmente diante do que delas sabemos e no que delas não sabemos é o que não sei também mas onde estou a tentar saber quando quero saber tudo porque quero não porque queira mas porque é a minha condição a de ter que saber. e onde estou onde tenho que saber é diante delas. e agora onde estou quando escrevo é como se não estivesse, é como se fossem só as palavras a única e providencial realidade do mundo, antes dessa outra de onde todos viemos. no que vi dele, é belo, muito belo o lugar de onde viemos todos. o que de belo tem a morte também. foi das estrelas que viemos e as que morreram que nos deixaram lugar a nós. é para onde vamos por fim se por fim não existe um fim porque permanecemos como elas enquanto elas.
Etiquetas: o desígnio
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