pequeno deus
deus pequeno no teu lugar, a erma tarde para sempre inacabada e o teu silêncio em mim. os olhos dos outros em todo o lado, o dia último que te procurava, o teu silêncio outra vez, nós no silêncio do mundo. tu, a solidão ao mesmo tempo que tu, debruçando-te os olhos na tarde, e quase seres como os outros, como tu, como as crianças outras todas, a criança. tu, a obra de ti, os astros maiores que aqueles, o sonho quase verdade desses astros, a alquimia de ti nesse espaço profundo que é aqui e em todo o lado, o mito dentro de ti, as tuas mãos, a tua suprema criação. agora, então depois, a inevitável deserção na descoberta de um lugar possível que não queres, não, das crianças o espaço, as outras crianças que não tu. criança, criança, deus de ti serás, e depois de nós, quase amantes, quase o céu ainda que habitas nesse pôr-do-sol que te viu à solta nos olhos dos outros, assim seremos os dois sentados, a restar à beira de um segundo em que não mais serás tu por causa dos outros, nem os outros os outros, nem ninguém mais ninguém, só tu, criança de ti, deus de ti e dos teus astros. de mim também. deus pequeno, escrevo-te de agora e aqui o silêncio é o de nunca mais haver ruídos, e é tão mais perfeito que os outros, e é esse sonho quase impedido nos teus olhos, que os meus viram nos teus, que vejo por fim. criança, escrevo-te agora e não há mais nada. só estas palavras depois a escrever a tua história de tudo teres criado e que é a de ninguém porque é a de todos, minha e tua também, nossa de não ser, e dos teus astros que criaste e que são os astros de todos e te observam na noite de longe a jazer pendurados no profundo, enquanto tu dormes e eu escrevo. a ficção de então sermos, escrevo.
Etiquetas: ficções depois da génese
2 Comments:
Texto com braços, envolvente.
Abraço
Ou será braços com o texto dentro? :)
Os braços que tu sabes, no abraço.
S.
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