<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d11610014\x26blogName\x3devidence+and+chlorine\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://claya.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://claya.blogspot.com/\x26vt\x3d-1991354280544663519', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

terça-feira, novembro 21, 2006

Obrigada M.


“Nessa travessia simbólica de um compartimento para o outro, do quarto para a sala, ensinaste-me a ouvir Nana Mouskouri, de quem tanto gostavas, sobretudo através do que levavas de ti, do que não revelavas a ninguém e que só eu entendia. Das simbioses e expressões modificadas pelo ruído maior da vida que acontecia no resto da casa, recordo o teu olhar triste e aquele gesto em que te desfazias da mágoa e te deixavas ser tu, no preciso momento em que a agulha tocava o disco e a música se sobrepunha a todos nós, no leve abanar do rosto, na postura humilde de quem admite, por fim, o cansaço, na profundidade do teu olhar na direcção do meu. Depois, ias-te embora e deixavas-me sozinha com a música, enquanto eu ficava a olhar a porta, à espera que regressasses rapidamente e te sentasses comigo no sofá. Nesse compasso de espera, habituei-me a gostar do que tinhas escolhido para substituir a tua companhia. A não ausência era, no fundo, a melhor fórmula que tinhas encontrado para eu perceber o que tu querias que eu percebesse, porque aquilo que me querias dizer era maior que nós as duas, maior que o segredo, maior que a certeza, um género desigual de arte que eu concretizava no que ouvia e que, ao mesmo tempo, entrevia no teu pensamento, na tua forma de sentir. Talvez a minha paixão pela música tenha começado aí. Na eterna possibilidade, no imaginário representativo, no que causa consequência e no pressuposto maravilhoso que sempre foste para mim. Obrigada M.”

Foto: Sérgio Miguel Silva

0 Comments:

<< Home