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domingo, outubro 14, 2007

manhã


Atrás da porta, as palavras, um vagar de luz que se misturava com a promessa do dia inverso que crescia pelo corpo dentro. O dia foi ontem. O dia foi um qualquer demorando-se pungente em cada hora, como se cada hora fosse ela própria o dia, a lucidez. O dia foi um imenso vendaval de ciclos invertidos, árvores desgraçadas que nasceram ao contrário, marés que naufragaram, ventos que se embrulharam, silêncios que atordoaram casas, corredores de pedra, catedrais e séculos. Findo o instante último da noite, a manhã verteu-se no horizonte, profetizando-se no adeus retido para sempre, na certeza carregada pelo corpo todo que se adiava nas escadas, nas paredes conjuntas que dividiam o hoje do ontem, nas portas que se abriram para se partir. Além da terra e por baixo, o corpo e o tempo permaneciam, existiam, desencontrados. Por fim, a manhã adiou-se também e o dia foi o dia que não teve noite e que trouxeste contigo. Esse dia e essa manhã que não podes lembrar e que permanece em cada noite que não termina, em cada dia que não acontece.

Imagem: Jean Arnold