<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://draft.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d11610014\x26blogName\x3devidence+and+chlorine\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://claya.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://claya.blogspot.com/\x26vt\x3d-1991354280544663519', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

sexta-feira, junho 10, 2005

Outrora agora



O sol. As bandeiras. As vidraças.
O velho sentado, desdentado, arranca uma gargalhada doente e sorri. Lembro-me que usava uma bengala castanha, gasta, e que os cães o perseguiam como se (per)segue um deus. Tem as mãos enrugadas, e o meu cumprimento sai arrastado pela obrigação. A monotonia. As mesmas conversas.
Quando era pequena detestava que os meus pais me metessem no carro para ir a esse café. Não porque não gostava das pessoas, nem do velho, por quem, apesar de tudo, nutria um respeito insólito, mas porque a melancolia que se instalava no meu peito era tal, que nem a liberdade que tinha para correr à vontade no espaço circundante me sabia a alguma coisa. Ficava apática e impaciente, e o "quero ir para casa" tornava-se tão insistente que os meus pais acabavam por desistir. Mas nem por isso deixámos de lá ir. Às vezes, o peso dos rituais é tanto que nos deixamos emergir na nossa própria ilusão.
Hoje regressei a esse café. O velho morreu, a mulher também. Sobra uma casa, instalada na incerteza. Os filhos envelheceram, os netos quase não existem. As mesas e as cadeiras da esplanada continuam sujas, gastas, envergonhadas. A coca-cola light não lhes devolve a glória que, para mim, nunca tiveram. Em volta, o Alentejo no seu pior: a solidão que se entranha e que mata.