Sobre a importânica das bandas-sonoras e outras coisas assim afins
Disse Sergei Eisenstein que "o público deverá ser enfurecido e violentamente sacudido pelo volume do som, que haverá de ser conduzido ao limite do que a capacidade mental e física dos espectadores puder suportar". Não é por acaso, portanto, que "O Couraçado de Potemkine" (1925) terá sido o primeiro filme com direito a honras de banda-sonora encomendada (a Edmund Misel) especificamente para o efeito. E, no entanto, Claudia Gorbman, autora de Unheard Melodies: Narrative Film Music, ao escrever que "nenhuma imagem nasceu para se articular inevitavelmente com esta ou aquela música", defende, de forma indirecta, que imagens e sons são invariavelmente adaptáveis. Será? Poderá cada música e imagem (filme, fotografia) ser apropriada à especificidade e intencionalidade de cada objecto ou utilização específica, expondo-se assim à erosão e adulteração(?) provocadas por uma tal usurpação? Haverá os casos em que sim, haverá os casos em que não.
4 Comments:
Seria talvez Couraçado Potemkin, porque não era o nome de alguma localidade, mas sim o do próprio submarino. Este é talvez um dos maiores marcos da 7ª arte, ombreando apenas com Outubro (do mesmo autor), Metropolis, Nosferatu e Citizen Kane.
Imperdível.
Quanto à pergunta, diria invariavelmente que há uma variabilidade de motivos para a adaptação de imagens ou sons. Daí o nascimento da sonoplastia, com a introdução da adaptação de um som para cada movimento.
Não creio que usurpação seja o termo mais correcto. Formam um híbrido, antes. Som e imagem. Processados ambos, por coincidência ou não, na mesma parte do cortex central nervoso.
Fica a correcção relativamente ao nome do filme. Obrigada.
Quanto ao resto, concordo inteiramente com a adaptação dos sons e das imagens, a novos sons, a novas imagens, a renovados motivos. Mas também haverá os casos em que essa adaptação assumirá contornos de usurpação, porque, na maioria dos casos, resultará em adulteração. Por outro lado, determinadas imagens e sons terão nascido apenas para si (com um fim específico), per si (que é o caso da banda-sonora do filme atrás referido). De qualquer forma, também os há invariavelmente adaptáveis. E por isso é que deixei as duas hipóteses em aberto. =)
De acordo. Bom post.
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