Rodin a tempo inteiro
Em Paris, no Museu Rodin, as esculturas do artista que se encontram no jardim que emoldura a bela casa senhorial que abriga algumas das mais importantes e emblemáticas obras do escultor francês, são deixadas à mercê de quem passa. Pior: nada, mas mesmo nada, pode fazer crer que aquelas esculturas foram alguma vez limpas, vigiadas ou objecto de qualquer trabalho de conservação e restauro. O pó, os excrementos dos pássaros, os rabiscos dos amantes, as teias de aranha, testemunham dramaticamente o desmazelo a que são votadas. Lá dentro, no museu em si (assim o parecem fazer crer), cada uma das peças expostas sem excepção, é acompanhada por um letreiro que chama a atenção para o facto das obras se desgastarem muito facilmente com o tempo, e de o simples passar leve de uma mão contribuir em larga escala para que esse desgaste se verifique efectivamente. Para quem começa por visitar os jardins e para os verdadeiros amantes de Rodin, especificamente, e das artes e da cultura, em geral, a primeira impressão é a de estranheza, perplexidade primeiro, tristeza, revolta e repulsa depois. No regresso a Portugal, uma certeza: a negligência tem, afinal, várias nacionalidades, credos, nomes e feitios.
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